PROFUNDA MENTE
Nunca senti uma tristeza, assim, tão cortante.
Jamais provei desse venenoso abandono.
Sofro, perdido, como pária, cão sem dono.
Cai num pranto sinistro, funesto, torturante.
Assim é minha dor, muito fria, intensa, traiçoeira.
Tráfego num inferno como algo descartável.
Mergulhado no esgoto, antevejo o lamentável.
Carrego a solidão como a melhor parceira.
Quem sou eu para receber alguma gratidão?
Afinal nada plantei senão a agrura da ilusão.
Perdi todos os méritos, minha vida, minha amada.
Resta-me, agora, o exercício da sobrevivência.
A andança sem graça de uma rude experiência.
Ilusória esperança pelo chão de longa estrada.
Alexandre Pimentel
Gravataí, 21 de maio de 2020.
www.alexandrepimentel.com.br
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