segunda-feira, 11 de maio de 2020

Renovação

RENOVAÇÃO

Virei uma coisa disforme e muito obesa.
Ando pelas ruas carregando mil sacolas.
Recebendo do governo uma ajuda, uma esmola.
Rastejando ao pó, sem brilho, sem beleza.

Estou no umbral engolindo meus pecados.
Comendo do pão que o capiroto amassou.
Deitado num caixão que o destino chaveou.
Sofrendo pelos erros medonhos do passado.

Julgado e condenado sem direito a reclamar.
Caí no alto abismo, sem chance de voltar.
Perdi minha casa, meu jardim e minha amada.

Sinto uma tristeza agressiva, matadora.
Carrego a dor muito cruel, mas purificadora.
Minha alma será livre, vitoriosa, renovada.

Alexandre Pimentel
Porto Alegre, 12 de maio de 2020.
www.alexandrepimentel.com.br

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